‘Enem dos concursos’ não vai cobrar língua portuguesa

O Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), considerado o “Enem dos concursos”, não terá questões de língua portuguesa para cargos de nível superior. São 6,6 mil vagas para 21 órgãos federais. As provas estão agendadas para 5 de maio. 

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No lugar de português, os candidatos vão responder questões sobre políticas públicas e conhecimentos específicos. 

“Não se mede o conhecimento de língua portuguesa por decoreba de regras gramaticais”, justificou Regina Camargos, coordenadora da Comissão de Governança do CPNU, ao jornal Folha de S. Paulo. “Não queremos decoreba, queremos alguém que pense, que raciocine, que seja capaz de raciocínios complexos.” 

Chamar provas de língua portuguesa de ‘decoreba’ é uma ‘falácia’, diz professor  

Alguns professores questionaram a decisão de não aplicar questões de língua portuguesa. Para o professor e advogado especializado em educação Carlos André, a decisão do governo vai representar “uma tragédia para o ensino no Brasil”. 

“A secretária usa de uma falácia quando chama as provas de português de ‘decoreba’, isto é um equívoco muito grave”, disse o professor, ao Jornal Opção. “Ela demonstra desconhecimento do que acontece nas provas de concursos públicos pelo país. Há muito tempo que não se medem regras gramaticais como ela disse na entrevista. Na verdade, o que se cobra é leitura, interpretação de texto e a gramática no texto. Isso é fundamental para que possamos escrever.” 

O professor ainda destacou que a secretária demonstra “desconhecimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”. O documento enfatiza a importância da língua portuguesa para a competência e habilidades na construção da cidadania. 

Ele também disse que há uma “falha quando ignoram que a proficiência em leitura, estrutura e regras da Língua Portuguesa sejam fundamentais antes de produzir um texto”.

Leia mais: “‘Enem dos concursos’ tem mais de 2,5 mi de inscritos para mais de 6,5 mil vagas” 

Carlos André ainda diz que a fala da secretária “é desrespeitosa aos milhares de professores de português do país”.

O professor também cita o que ele chamou de “resultados trágicos” do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), de 2022. O órgão posiciona o Brasil entre os piores em leitura. 

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Fonte: Revista Oeste


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