Advogado diz que fraude bilionária na Americanas vai entrar para a história

O advogado criminalista Celso Vilardi, conhecido por defender indivíduos envolvidos em grandes operações da Polícia Federal, enfrentou uma situação inusitada na quinta-feira 27. Com a operação Disclosure em andamento, que prendeu por fraude bilionária dois ex-executivos das Lojas Americanas e busca outros 14, Vilardi se viu do outro lado no caso do desfalque de mais de R$ 25 bilhões na companhia.

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Agora, como advogado do Conselho de Administração e da empresa, Vilardi aguardava os desdobramentos para verificar se a investigação da PF seguia o mesmo caminho de sua apuração interna, que identificou o ex-CEO Miguel Gutierrez e outros ex-funcionários como responsáveis pelos crimes contábeis.

Para ele, a investigação da PF e do Ministério Público Federal confirmou: “Não existia nenhum tipo de inconsistência contábil propriamente dita, mas uma fraude de grandes proporções”.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Vilardi defendeu a operação e suas conclusões. Ele isentou o Conselho de Administração e acionistas de qualquer responsabilidade e classificou a fraude como sofisticada. Também afirmou que o esquema vai entrar para a história do Brasil e do mundo.

Fraude antiga e complexa

Vilardi revelou que a fraude era antiga e envolvia diversos escalões da companhia. A investigação da PF apontou que as fraudes nas Americanas ocorriam pelo menos desde 2007, mas Vilardi hesita em confirmar essa data.

Ele reconhece que a fraude perdura há pelo menos 10 a 13 anos. Isso era possível por causa da manipulação cuidadosa das demonstrações financeiras que ocultavam empréstimos e verba de propaganda cooperada.

Ele ainda contou à Folha que desde o início da crise na Americanas ele conduzia essa investigação interna. “Temos colaborado com as autoridades desde o primeiro momento e, vou dizer, foi uma investigação primorosa da PF e do MPF”, elogiou.

Segundo ele, o trabalho da polícia confirmou o relatório que ele e Luis Antonio Sampaio Campos, do escritório Barbosa Müssnich Aragão, elaboraram para a CPI em junho do ano passado.

“O que efetivamente as autoridades públicas estão revelando é um pouco da confirmação do relatório que eu e o Luis Antonio fizemos para a CPI em junho do ano passado, quando nós já estávamos convencidos de que não existia nenhum tipo de inconsistência contábil propriamente dita, mas uma fraude de grandes proporções”, revelou.

O criminalista afirma que essa foi uma fraude sofisticada, de caixa e que, “incrivelmente”, contou com a participação de várias áreas da Americanas e envolve “desde a cúpula central até, efetivamente, pessoas ali de segundo e até mesmo do terceiro escalão”.

“É realmente uma fraude inédita”, avaliou o advogado.

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Fonte: Revista Oeste


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