Executivos da Americanas combinavam fraudes em grupo no WhatsApp

A operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que investiga fraudes contábeis na Americanas revelou que os executivos envolvidos no esquema se comunicavam por um grupo no WhatsApp chamado G30.

O grupo foi revelado pelos delatores Flávia Carneiro e Marcelo Nunes e contava com cerca de 40 membros. Desses, 14 foram alvo da Operação Disclosure, que realizou busca e apreensão em 15 endereços na quinta-feira 27. 

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As investigações revelam que os executivos suspeitos de crimes como manipulação de mercado e lavagem de dinheiro ocupavam os mais altos cargos.

Miguel Gutierrez, ex-CEO, teve prisão preventiva decretada no Brasil, foi detido em Madri na sexta-feira 28 e solto no dia seguinte, depois de prestar depoimento às autoridades espanholas.

Já Anna Saicali, ex-CEO da B2W (fusão entre Americanas, Shoptime e Submarino), era a segunda no comando. Ela não foi detida porque teve a prisão revogada pela Justiça, mas entregou seu passaporte à PF e será acompanhada por agentes da corporação.

Comunicação pelo WhatsApp e dinâmica das fraudes

O grupo de WhatsApp, ativo por anos, revelou a evolução das fraudes e a dinâmica interna. A tensão aumentou com a saída de Gutierrez e a chegada de Sergio Rial como novo CEO. Reuniões secretas, que ocorriam dentro da empresa, num espaço apelidado de “sala blindada”, foram agendadas para tentar apagar rastros das fraudes.

As mensagens mostraram que, antes da troca de comando, Gutierrez transferia bens para offshores. Ele chamava a manobra de “blindagem patrimonial”. Em 2022, o ex-CEO movimentou intensamente seus imóveis, com a venda ou a transferência de muitos deles.

Impacto da chegada de novo CEO e recuperação judicial

O mal-estar no grupo cresceu até a chegada de Rial, e em janeiro, a nova presidência anunciou inconsistências contábeis de R$ 25,7 bilhões.

A companhia entrou em recuperação judicial e firmou um acordo com os principais acionistas para uma injeção de capital. Em 2018, um gerente financeiro expressou insatisfação no grupo: “Não saí da pobreza para virar bandido. Acabou”. Ele foi demitido posteriormente.

A operação revelou apenas parte do esquema, pois muitos detalhes ainda não vieram à tona.

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Fonte: Revista Oeste


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