A maior usina hidrelétrica em produção de energia do mundo é no Brasil: esse gigante tem mais de 2,4 bilhões de MWh acumulados, capaz de abastecer o planeta Terra por mais de 1 mês

A Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em produção de energia, representa um marco impressionante na engenharia. Desenvolvida em conjunto pelo Brasil e Paraguai, esta usina binacional está localizada no rio Paraná, na fronteira entre os dois países.

O projeto da Itaipu consiste em uma série de barragens que, juntas, somam 7.919 metros de extensão. Para se ter uma ideia da grandiosidade, a altura da barragem principal é de 196 metros, equivalente a um prédio de 65 andares. Construir essa obra monumental exigiu um planejamento meticuloso e uma quantidade fenomenal de materiais. A seguir, vamos explorar os detalhes dessa construção colossal maior produtora de energia do planeta.

A Itaipu possui 20 unidades geradoras e uma potência instalada de 14 gigawatts (GW), fornecendo cerca de 10,8% da energia consumida no Brasil e 88,5% do consumo paraguaio. Este feito a torna a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta, com mais de 2,7 milhões de GWh produzidos desde o início de sua operação.

Para entender a magnitude desta produção, essa energia acumulada seria suficiente para atender à demanda brasileira por aproximadamente 5 anos e 3 meses, ou a demanda mundial por 1 mês, 10 dias e 19 horas. Comparativamente, o Brasil precisaria queimar 588 mil barris de petróleo por dia para obter em plantas termelétricas a mesma produção de energia que Itaipu gera.

A construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu iniciou-se na década de 1960, quando os governos do Brasil e Paraguai firmaram um acordo para estudar o potencial hidráulico do trecho do Rio Paraná. Em 1974, nasceu a Itaipu Binacional, entidade responsável pela construção e operação da usina.

O projeto foi realizado em várias fases, com a construção começando em 1975 e finalizando, de acordo com o plano inicial, em 2016. A inauguração oficial ocorreu em 1984, mas apenas em 2016 todas as 20 unidades geradoras de energia estavam em pleno funcionamento.

Entre 1975 e 1978, ocorreram atividades cruciais como a escavação do canal de desvio do rio Paraná e a construção da barragem de enrocamento. A instalação do canteiro industrial e a execução das estruturas de controle também foram realizadas nesse período.

De 1978 a 1982, a construção da barragem principal, barragem lateral direita, e outras barragens de terra e enrocamento tomou forma. Simultaneamente, as montagens eletromecânicas principais começaram a ser implementadas.

No período de 1982 a 1986, fecharam-se as comportas da estrutura de controle de desvio e formou-se o reservatório. Em maio de 1984, a Itaipu começou a gerar energia, atingindo um patamar próximo a 90 milhões de megawatts-hora (MWh) de energia a partir de 2006.

Entre 1986 e 1991, a construção da casa de força do canal de desvio foi concluída, juntamente com a montagem das unidades geradoras até a 18ª. Mais tarde, de 2000 a 2007, foram instaladas as últimas duas unidades geradoras, completando as 20 previstas no projeto original.

Planejar e executar uma obra da magnitude da Usina Hidrelétrica de Itaipu apresentou desafios formidáveis. Desde a garantia de que todos os materiais atendiam às especificações técnicas até a verificação das propriedades dos materiais e concretos, os engenheiros enfrentaram e superaram diversas dificuldades.

Eles estabeleceram rotinas rigorosas de informação e controle, e capacitaram profissionais para assegurar a qualidade e segurança da construção. Além disso, criaram condições de trabalho que mantiveram a motivação dos colaboradores ao longo do extenso período da obra.

A construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu não foi apenas um feito de engenharia, mas também um marco diplomático entre Brasil e Paraguai. A região do Salto de Sete Quedas, hoje coberta pelo lago da usina, era uma área disputada pelos dois países desde o século XVIII.

A Guerra do Paraguai (1865-1870) exacerbou a disputa pela fronteira na região das Sete Quedas. O Tratado de Paz de 1872 estabeleceu que os territórios deveriam ser divididos pelo Rio Paraná até o Salto e pelo cume da Serra de Maracaju.

Nos anos 1960, a descoberta do potencial de energia hidrelétrica do Rio Paraná reacendeu a disputa. Em vez de confrontar-se, Brasil e Paraguai optaram por unir forças. O resultado dessas negociações foi a Ata do Iguaçu, assinada em 22 de junho de 1966, pelos ministros das Relações Exteriores de ambos os países.

Essa declaração conjunta manifestava a disposição de estudar o aproveitamento dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio aos dois países, no trecho do Rio Paraná desde o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu. A partir dessa cooperação, nasceu a Itaipu Binacional.

Em maio de 1974, foi formada a entidade binacional Itaipu para gerenciar a construção da usina, estruturada como uma empresa internacional. A solução jurídica encontrada foi uma das contribuições do jurista Miguel Reale. Com isso, a disputa por terras na fronteira foi superada.

No entanto, a criação de Itaipu causou tensões com a Argentina, que temia que a usina prejudicasse seus direitos sobre as águas do Rio Paraná. A questão foi discutida na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972, mas o projeto seguiu adiante.

Em 1973, técnicos brasileiros e paraguaios percorreram o Rio Paraná de barco em busca do melhor local para a construção da usina. Após estudos detalhados com o apoio de uma balsa, escolheram um trecho do rio conhecido como Itaipu, que em tupi significa “a pedra que canta”.

A construção da usina foi considerada um trabalho de Hércules, começando em 1974 com a chegada das primeiras máquinas ao canteiro de obras. Entre 1975 e 1978, a região transformou-se num “formigueiro” humano, com a construção de mais de 9 mil moradias e um hospital para abrigar os trabalhadores.

A magnitude da obra de Itaipu exigiu uma logística impressionante. Em 1980, o transporte de materiais mobilizou 20.113 caminhões e 6.648 vagões ferroviários. A demanda por mão-de-obra foi tão alta que provocou filas imensas nos centros de triagem dos consórcios.

Com a concretagem quase concluída, a montagem das unidades geradoras foi a próxima fase. O transporte de peças inteiras das fábricas até a usina foi um desafio logístico, com a primeira roda da turbina, pesando 300 toneladas, levando três meses para chegar de São Paulo ao canteiro de obras.

As obras da barragem chegaram ao fim em outubro de 1982, mas os trabalhos em Itaipu não pararam. O fechamento das comportas do canal de desvio iniciou a formação do reservatório da usina. A operação Mymba Kuera, que significa “pega-bicho” em tupi-guarani, salvou a vida de 36.450 animais na área a ser inundada.

Devido às fortes chuvas e enchentes da época, as correntezas do Rio Paraná levaram 14 dias para encher o reservatório. A lâmina de água resultante cobriu 135 mil hectares, o equivalente a quatro vezes o tamanho da Baía da Guanabara.

A construção de Itaipu também significou a descoberta do enorme potencial energético do Rio Paraná. Antes da usina, apenas uma pequena hidrelétrica iluminava a cidade de Guaíra e uma companhia militar. Em 1962, estudos propuseram uma usina com capacidade de 10 mil megawatts, mas a ideia não foi adiante.

A assinatura do Tratado de Itaipu em 1973 coincidiu com a crise mundial do petróleo, intensificando a exploração de fontes de energia renováveis. A Itaipu Binacional quase dobrou a capacidade de geração de energia do Brasil e consolidou a utilização da força dos rios como fonte de energia limpa e renovável.

A Usina Hidrelétrica de Itaipu transformou-se em uma potência energética, com o primeiro giro mecânico de uma turbina ocorrido em 17 de dezembro de 1983. Finalmente, em 5 de maio de 1984, a usina começou a produzir energia, quando a primeira das 20 unidades geradoras entrou em operação.

Nos primeiros sete anos, 18 unidades geradoras foram instaladas. Em 2000, a usina alcançou um novo recorde mundial de produção ao gerar 93,4 bilhões de quilowatts-hora (kWh). Em 2004, ao completar 20 anos de atividade, a Itaipu havia produzido energia suficiente para abastecer o mundo durante 36 dias.

Maio de 2007 marcou a entrada em operação das últimas duas unidades geradoras previstas no projeto original, completando assim as 20 unidades geradoras em atividade. Com as condições favoráveis do Rio Paraná, incluindo chuvas em níveis normais em toda a bacia, a geração de energia da usina poderia chegar a 100 bilhões de kWh.

Em 8 de agosto de 2007, a Itaipu alcançou a marca histórica de 2 bilhões de megawatts-hora (MWh) produzidos desde que entrou em funcionamento em 1984. Essa quantidade de energia seria suficiente para suprir o consumo mundial por 39 dias, ou o consumo do Brasil por quatro anos e oito meses, ou ainda o do Paraguai por 183 anos.

Em 2016, Itaipu tornou-se a primeira hidrelétrica do mundo a ultrapassar a marca de 100 milhões de MWh de geração anual, atingindo um total de 103.098.366 MWh. Esse feito superou o recorde anterior de 98,8 milhões de MWh, estabelecido pela hidrelétrica chinesa Três Gargantas em 2014.

Além de ser a maior hidrelétrica do mundo em produção acumulada, desde o início de suas operações, Itaipu gerou mais de 2,4 bilhões de MWh até 2016. Esse marco reafirma a importância da usina como produtora de energia limpa e renovável, contribuindo significativamente para a matriz energética dos dois países.

A produção de energia de Itaipu evita a necessidade de queimar 588 mil barris de petróleo por dia, o que seria necessário para gerar a mesma quantidade de energia em plantas termelétricas. Isso evidencia a relevância da usina na promoção de uma matriz energética mais sustentável e menos poluente.

Além disso, a energia gerada por Itaipu contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, reforçando o compromisso de Brasil e Paraguai com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. A usina é um exemplo de como a cooperação internacional pode resultar em benefícios significativos para os países envolvidos e para o planeta.

A Itaipu é reconhecida como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, uma escolha feita por engenheiros de todo o mundo em 1995, em eleição promovida pela revista Popular Mechanics. Entre 1975 e 1978, mais de 9 mil casas e um hospital foram construídos para abrigar os profissionais que trabalhavam na obra.

Naquela época, Foz do Iguaçu era uma cidade com apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em uma década, a população aumentou para 101.447 pessoas, transformando completamente a região e contribuindo para seu desenvolvimento socioeconômico.

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Fonte: Click Petróleo e Gás


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