Entre ondas e relatos de vida, surfistas comemoram 33 anos da Escola Radical de Santos

Mais de 250 pessoas estiveram reunidas no Posto 2, na Praia do José Menino, neste sábado (1º/6) para participar da comemoração dos 33 anos da Escola Radical, a primeira escola pública de surfe do Brasil. Em um projeto que já atendeu cerca de 50 mil pessoas e vem transformando a vida de muitos, histórias pessoais e a sensação de pegar a primeira onda foram resgatadas da memória de quem afirma que renasceu da modalidade.

Vinculada à Secretaria Municipal de Esportes (Semes),  a Escola Radical de Surfe de Santos, localizada no Posto 2 (Pompeia) conta com a parceria da Blue Med Saúde e oferece aulas de surfe e bodyboard, divididas entre turmas com alunos de oito a 49 anos, além da turma 50+. À frente da iniciativa está o coordenador Cisco Araña, primeiro surfista profissional do Estado de São Paulo e idealizador do projeto em Santos. 

“São 33 anos da escola com muita luta, mas com muita alegria. Essa escola é referência para o mundo na questão da gratuidade e inclusão através do surfe. Metade da minha vida foi dedicada a essa escola. O dia de hoje é um marco do pioneirismo de Santos na história do surfe brasileiro”, disse Araña.

“É uma alegria e um orgulho ver o trabalho realizado. E para que esse projeto tão lindo, que já existe há mais de três décadas, não se acabe, nós vamos mandar um Projeto de Lei para a Câmara Municipal para transformar as duas Escolas Radicais em patrimônios material e imaterial da Cidade de Santos. O surfe nasceu aqui, nós podemos não ter as melhores ondas, mas Santos é com certeza a capital nacional da Cultura do surfe e isso não pode se perder jamais”, disse o chefe do Executivo.

De acordo com o secretário de Esportes, Gelasio Fernandes, a escola é um dos principais equipamentos de fomento à modalidade na Cidade. “São cerca de 50 mil pessoas atendidas ao longo desses 33 anos, crianças, jovens, adultos e idosos que encontram no esporte, no surfe, uma nova motivação e uma ferramenta de transformação das vidas”, ressaltou.

ESPORTE NÃO TEM IDADE

Francisco Verazane, 79 anos, aposentado, já está na Escola Radical há 18 anos e contou como o lugar vem transformando a sua vida. “A gente chega aqui apagado, se sentindo velho, achando que não é mais capaz, mas com o Cisco nós vimos que aqui a gente cresce, a gente resgata a autoestima e a autoconfiança. Essa escola é uma nova família pra nós”, disse.

Edmea Pereira Corrêa, 78 anos, destacou que a escola é um espaço para todas as idades. “Aqui é maravilhoso para todos, desde crianças até pessoas da terceira idade. Eu só tenho a agradecer ao Cisco por tudo que ele faz por nós.

Hoje é um dia de festa e graças ao Cisco, a Prefeitura de Santos e a Blue Med temos um espaço gratuito como esse. Graças a esse projeto nós temos a oportunidade de sair de casa, praticar esportes e ter muito mais saúde e qualidade de vida”, observou.

Com atualmente 450 alunos matriculados – sendo 240 com idade acima de 50 anos – a iniciativa é mais do que o ensino da prática do surfe, é uma oportunidade de mostrar que idade é só um número, o passado pode ser deixado para trás e o medo é superado na primeira onda surfada. É o caso de Milton Noguchy, 70, que diz ser testemunha do bem que os encontros proporcionam a pessoas de qualquer idade. “Os anos de trabalho foram muito agitados, pouco aproveitava o que estava ao meu redor. Quando cheguei a Santos procurando por tranquilidade, também queria algo que ocupasse o meu tempo enquanto aliviasse a minha mente. Uma amiga minha indicou a Escola Radical e acabei encontrando algo que cuida de mim por completo. Aqui a gente renasce”, relatou.

O aluno Mike Matos, 30, mora atualmente em Miami, Estados Unidos e quando surgiu a oportunidade do intercâmbio em uma universidade de Santos para ensinar inglês aos alunos interessados em aperfeiçoar o idioma, não pensou duas vezes em escolher a Cidade e assim conheceu a escola radical.  “Gosto de surfar, mas em Miami Beach não encontramos iniciativas legais assim. Dou nota 10 porque está sendo muito bom para mim. Durante esse tempo, espero aprender mais e me divertir”, afirmou.

AMOR À PRIMEIRA ONDA

Cumprimentando todos os colegas com muito carisma, nem o vento frio que tomou conta da Cidade nos últimos dias tirou a motivação de Patrícia Batista, 53, de ir para o mar. Lá estava ela no Posto 2, na orla da Pompéia, esbanjando simpatia e vitalidade na atual fase da sua vida que iniciou há um ano, quando decidiu vir para Santos. Mas todo esse ânimo não é só pelo amor às aulas – a empresária está realizando o sonho de surfar, um desejo que a acompanhava por décadas. “Todas as terças, falo para os meus clientes que não vou poder atendê-los porque vou fazer a minha terapia. É porque aqui eu viro adolescente novamente. A cada aula sou contagiada com amor, esperança e amparo que o Cisco e os meus colegas me trazem. Somos uma família que torce pela cura um do outro”, destacou Patrícia.

Emocionada, a empresária ainda compartilha os seus desejos neste 33º aniversário que a Escola Radical de Surfe comemora. “Espero que a iniciativa prossiga para que mais pessoas sejam transformadas por esse sentimento que o mar nos traz. É um presente humano que o mundo precisa continuar conhecendo”.

HISTÓRIA

E a história da Escola fundada na Cidade, que é reconhecida como o berço do surfe no País, começava há três décadas envolvendo adaptações e mudança de planos. Em 1991, o equipamento tinha foco competitivo para formação de atletas, mas tudo mudou quando um munícipe chamado Euclides Camargo, à época com 74 anos, procurou Cisco para fazer uma reclamação. Para o idoso, a prática do surfe atrapalhava o seu momento de lazer na praia.

O coordenador, com a simpatia conhecida de sempre, convidou Euclides para uma aula, que adorou o esporte. E assim aconteceu a primeira matrícula sem propósito competitivo, em 1995. A partir daí, o intuito da escola mudou ao abraçar cada vez mais públicos com suas próprias necessidades e particularidades.

“No início, a escola tinha esse único propósito de formar talentos, mas com o tempo chegaram pessoas que mudaram a nossa maneira de pensar. Nós adaptamos a didática e as pranchas para conseguir trazer uma melhor qualidade de vida a todos e isso só pôde ser possível por meio da felicidade e da inclusão. Hoje, em mais um capítulo da história, vemos o resultado do desenvolvimento dos nossos alunos durante as aulas. Isso é muito importante”, destacou Cisco Araña.

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS
 

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Fonte: Prefeitura de Santos


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