‘Governo Lula quer uma polícia com ideologia’

O deputado federal Luciano Zucco (Republicanos-RS), 48, mais conhecido como tenente-coronel Zucco, foi o campeão de votos do Rio Grande do Sul — 260 mil votos — nas eleições. Há quatro anos, ele também foi o deputado estadual mais votado e iniciou sua carreira política com pautas direcionadas  à segurança pública. Agora, nos primeiros dias de mandato na esfera federal, Zucco não vê com bons olhos o plano de voo de Lula para o setor, especialmente a tentação de criar uma Guarda Nacional “pretoriana” para o presidente.

“Essa gestão começou de forma muito negativa com a suspensão de decretos, principalmente o da legítima defesa, a questão do armamento”, disse o parlamentar em entrevista a Oeste. “Essa história da Guarda Nacional, para substituir a Força Nacional, não tem fundamento. O governo Lula quer uma polícia com ideologia. Isso não agrega em nada.”

Graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, ele ainda comentou sobre a oposição conservadora ao governo Lula e apresentou uma proposta: a criação do Foro de Brasília, um contraponto ideológico ao Foro de São Paulo. Leia os principais trechos da entrevista.

Como o senhor enxerga a oposição conservadora ao governo do presidente Lula?

Não posso falar por outras pessoas, mas o Parlamento é o estado da sociedade. Na eleição de 2018, muitos dos que foram eleitos com as pautas do ex-presidente Jair Bolsonaro acabaram, em algum momento, deixando de defender aquilo que, para eles, eram narrativamente verdades. Espero que tenhamos uma oposição responsável. Se houver pautas positivas, sempre vamos avaliar. A maioria dos deputados que foram eleitos na última eleição, com a onda do ex-presidente Jair Bolsonaro, vão firmar oposição no Congresso. Tenho enormes diferenças com esse novo governo do presidente Lula. Inclusive, essa gestão começou de forma muito negativa com a suspensão de decretos, principalmente o da legítima defesa, a questão do armamento, etc. São dezenas de clubes de tiros que estão sendo fechados, milhares de empregos perdidos. Tudo isso sem ter a responsabilidade de investigar se os índices de violência estavam altos ou baixos. O governo Bolsonaro diminuiu de 60 mil homicídios por ano, para 40 mil. Este governo já está querendo enfraquecer com as escolas cívico-militares, um programa de muito sucesso e não entendo o motivo desse governo tentar acabar com ele. É ideologia pura. Além disso, essa história da Guarda Nacional, para substituir a Força Nacional, não tem fundamento. O governo Lula quer uma polícia com ideologia. Isso não agrega em nada. Já temos as polícias militares, civis, federais, rodoviárias federais e as Forças Armadas.

Quais as principais pautas que o senhor vai defender?

Vou trabalhar com as pautas que foram positivas no meu Estado, como a política de atenção ao câncer infantil, a transparência em obras públicas, as escolas cívico-militares e o respeito aos Poderes. Estou propondo também Frente Parlamentar Mista “Foro de Brasília”, onde vamos trabalhar o fortalecimento do Congresso Nacional. Inclusive, conversei com a senadora Damares Alves e com outros parlamentares sobre o assunto. O “Foro de Brasília”, que deve ser um contraponto ideológico ao Foro de São Paulo, vai reunir deputados e senadores identificados com a pauta conservadora. A ideia é promover debates, discutir teses políticas, econômicas e sociais, bem como fortalecer a luta em torno das liberdades democráticas. Seremos uma oposição responsável.

Qual a avaliação do senhor sobre o 1° mês do governo Lula?

O senhor é a favor da CPI das Manifestações?

Sim. Devemos identificar aquelas pessoas que avançaram o sinal e que não respeitaram a Constituição. No entanto, também desejo saber qual foi a participação desse governo nesses atos. No dia 8 de janeiro, eles o governo já estava empossado. É muito estranho que um chefe do Executivo não queira essa CPI. De forma muito responsável e atenta, serei favorável à CPI.

Nas redes sociais, o senhor se manifestou bastante acerca da eleição do Senado. O que deve acontecer na Casa depois da reeleição do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG)?

O senador Rogério Marinho (PL-RN), que perdeu para Pacheco, iria valorizar o Congresso e dar voz aos pedidos de impeachments contra os ministros do Supremo Tribunal Federal. Isso não vai acontecer com o Pacheco, pois ele é o mais do mesmo. Trata-se de um senador que não agrega valor ao Congresso Nacional. Queremos um Senado forte, com autoridade suficiente para que os demais Poderes sejam independentes. O STF tem de tratar de suas pautas, o Planalto também e o Congresso deve ter seu devido respeito.

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Fonte: Revista Oeste


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