Petistas condenados no mensalão voltam ao palco político; Saiba mais

Dezoito anos depois do primeiro grande escândalo de corrupção que atingiu o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petistas condenados pelo mensalão estão de volta ao palco político e, seja aconselhando nomes ligados ao Executivo ou em articulações eleitorais, intensificaram suas atuações nos bastidores. Embora sem o mesmo prestígio de antes, nomes como o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e os ex-deputados José Genoino e João Paulo Cunha seguem influentes fora dos holofotes.

A movimentação coincide com o fim do período de inelegibilidade da maioria dos punidos pelo mensalão. Da lista de petistas, apenas Dirceu ainda estará impedido de concorrer em 2024 por causa de condenação posterior, na Lava-Jato. O único a indicar a intenção de se candidatar, contudo, é Delúbio, mas apenas em 2026, quando não descarta tentar uma vaga de deputado estadual ou federal.

Homem-forte do primeiro mandato de Lula, quando chefiou a Casa Civil, Dirceu é quem tem se movimentado com mais desenvoltura pelos círculos de poder de Brasília. Em setembro, por exemplo, participou de jantar de um grupo de advogados em apoio à indicação do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Com o filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), como líder da bancada do partido na Câmara, também tem ido a eventos políticos, a exemplo do que reuniu deputados da sigla, ministros e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em um restaurante de Brasília no início do ano.

Sua articulação, contudo, não se limita a aliados do governo. Ele ainda mantém diálogo frequente, por exemplo, com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, principal partido de oposição a Lula. Hoje em lados opostos, Dirceu e Valdemar dividiram cela no complexo da Papuda, em Brasília, após serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, no esquema de compra de apoio parlamentar.

Há cerca de 15 dias Dirceu também discutiu a política de segurança pública da atual gestão com o tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ex-ministro de Michel Temer.

— Falei com ele sobre a ideia de criar um ministério para segurança, assunto que, por sinal, saiu da pauta — disse Nunes Ferreira ao GLOBO.

Em entrevista a um site simpático ao PT na semana passada, Dirceu lamentou não poder ter um papel maior na política nacional.

— Eu não posso prestar o serviço que gostaria de estar prestando ao Brasil. Eu e muitos de nós; não sou só eu — afirmou ele, citando nomes que passaram pelo governo e, a exemplo dele, foram alvo de denúncias de corrupção na Lava-Jato.

Nos últimos meses, Dirceu precisou ficar afastado do debate político por causa de problemas de saúde, mas disse que pretende participar ativamente dos acordos do PT e de partidos aliados nas eleições municipais. Procurado pelo GLOBO, ele não quis se manifestar.

A exemplo de Dirceu, Genoino, que presidia o PT na época do mensalão, tem participado de reuniões internas da legenda nas quais discute os rumos do governo em temas como a relação com o Congresso e com m os ilitares e a diplomacia. Até hoje considerados símbolos da militância do partido, os dois gravaram vídeos para cursos de formação de petistas interessados em concorrer nas eleições municipais do ano que vem.

Mais recluso que Dirceu, Genoino evita entrevistas e tem se dedicado aos dois livros que pretende lançar no ano que vem. Um sobre o processo da construção da Constituição de 1988, do qual participou como deputado, e outro sobre a sua trajetória política e pessoal. No mês passado, voltou à Câmara para uma sessão solene em homenagem à Assembleia Nacional Constituinte.

Ele tem participado de lives nas quais comenta questões do governo. Nos últimos dias, por exemplo, disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “não devia ter levantado a bandeira do déficit zero” e que isso transforma o governo em “prisioneiro do neoliberalismo”. Uma semana após os ataques do 8 de janeiro, chegou a pedir que Lula afastasse José Múcio Monteiro do Ministério da Defesa e disse que o ministro “não tem autoridade sobre os militares”. Procurado, ele não quis falar.

— Não creio (na volta de Dirceu e Genoino a cargos públicos), mas são dois vultos enormes na história do PT e do país — afirmou o deputado estadual Emídio Souza (PT-SP) ao justificar a influência deles no partido.

Já a atuação de João Paulo Cunha, que presidia a Câmara na época do escândalo, tem se dado no campo jurídico. Após estudar Direito durante o período no qual ainda cumpria pena, hoje é sócio de um escritório de advocacia contratado pela Previ, fundo de pensão de funcionários do Banco do Brasil.

Ele também entrou em campo para traçar a estratégia de defesa do ex-ministro Gonçalves Dias, exonerado por Lula do comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após ser filmado circulando entre os invasores do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. Em mensagem a aliados obtida pelo GLOBO, GDias, como o militar é conhecido, agradece o “assessoramento” dado por Cunha.

Ex-tesoureiro do PT, Delúbio é outro que voltou a ser ativo na vida partidária. Ele tem acompanhado a formação de chapas eleitorais para 2024 em Goiânia e outras cidades do Centro-Oeste. O antigo dirigente, responsável pelas contas da primeira campanha vitoriosa de Lula ao Planalto, em 2002, aproveita a peregrinação para apresentar a própria versão sobre os processos de que foi alvo.

Em entrevista a um site de Goiás, Delúbio afirmou que não busca destaque e que sua atuação é para ajudar a eleger aliados.

— Quando a gente fica 18 anos fora da política, tem que voltar de salto baixo — disse ele.

Fonte: O Globo.

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Fonte: TBN


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