Em uma movimentação surpreendente, a Marinha do Brasil anunciou planos de desmobilizar 70% de sua frota até 2028, visando uma profunda modernização diante da obsolescência e limitações orçamentárias

A Marinha do Brasil está enfrentando um dos maiores desafios de sua história recente. Com uma frota que tem envelhecido significativamente e enfrentado cortes drásticos de orçamento, o comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampai Olsen, revelou que a esquadra brasileira sofrerá uma redução substancial nos próximos anos. Este plano inclui a desativação de 70% dos navios até 2028, uma medida drástica que visa preparar a Marinha para as demandas futuras de defesa marítima.

O estado precário da frota é resultado de décadas de subinvestimento. Nos últimos 20 anos, metade dos meios navais foram desmobilizados, e a situação deve piorar: faltam recursos para munição e combustível, essenciais para a operacionalidade dos navios. Com apenas 57% do combustível mínimo necessário recebido em 2023 e um severo corte no orçamento de manutenção, muitos navios estão alcançando o fim de sua vida útil mais rápido do que o previsto.

A Marinha do Brasil planeja aposentar 43 navios por razões de idade e condição técnica até 2028. Essa redução inclui três fragatas, possivelmente incluindo a F49 Rademaker, uma veterana com mais de 45 anos de serviço e recentes históricos de incêndios. A classe Niterói, com algumas das unidades construídas nas décadas de 1970 e ainda em serviço, também verá reduções, substituídas pelas novas fragatas da classe Tamandaré, cuja entrega começará em 2025.

No setor de submarinos, a situação é igualmente preocupante. O S30 Tupi, o mais antigo da frota, será provavelmente o próximo a ser aposentado, com os novos submarinos da classe Riachuelo já começando a entrar em serviço. Apesar dessas novas adições, elas serão insuficientes para preencher completamente o vácuo deixado pelos navios desativados.

Esta onda de desmobilizações não se limita apenas aos grandes combatentes. Navios especializados em funções como hidrografia, patrulha e assistência hospitalar também estão na lista de cortes, o que poderá afetar a capacidade da Marinha do Brasil de executar uma variedade de missões essenciais, desde a proteção ambiental até o socorro em desastres.

Apesar desse panorama desafiador, o Brasil continua comprometido com a modernização de sua força naval. A construção de novas embarcações, embora a um ritmo mais lento do que o necessário, e a eventual entrada de novas fragatas e submarinos destacam um esforço para manter a esquadra brasileira como uma das mais capazes da América Latina. Porém, para que isso seja sustentável, será necessário um investimento mais robusto e contínuo por parte do governo, assegurando que a Marinha não apenas sobreviva a esta fase de transição, mas também prospere.


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Fonte: Click Petróleo e Gás


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