O primeiro show de Gal Costa que eu vi também foi o último dela – chorei naquela noite e chorei hoje

Quando vi um show de Gal Costa pela primeira vez, chorei.

Reprodução/Instagram

Foi em um sábado, 18 de setembro, numa noite fria em São Paulo, durante o Coala Festival.

Foi tarde, eu já com 28 anos, ela, com o dobro da minha idade só de carreira. A emoção estava acumulada, portanto.

Se eu soubesse que aquele também seria o último show que eu veria dela, a última apresentação que ela faria em vida, teria chorado ainda mais.

Arquivo pessoal

Nesta manhã de quarta-feira (9), Gal Costa, aos 77 anos, morreu. A causa ainda é desconhecida, segundo informou a assessoria da artista.

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Naquela noite, fiquei impactada com a presença dela no palco: simples e elegante, ao mesmo tempo em que também parecia ser um monumento, tamanha a reverência do pública a ela. Se soubéssemos… teríamos cantado mais alto, dito “Gal, eu te amo”, no intervalo das músicas, mais vezes…

Lembro ter ficado impressionada com a forma que os cabelos negros desciam sobre os ombros dela, com a postura firme que ela apresentava no palco e, claro, com a voz: cristalina, forte, poderosa. Ela cantava a dor de um amor de forma tão única.

Fui tão capturada por Gal que filmei apenas um trecho de 29 segundos do show, quando ela cantou “Quando Você Olha Pra Ela”, um dos seus maiores sucessos.

Arquivo pessoal

O fato de Gal ter marcado presença em festivais nos últimos anos é muito importante para seu legado e para sua música continuar viva entre as novas gerações, já que isso permitiu que ela se aproximasse de um público mais jovem.

Também muito me marcou o momento em que Gal esteve acompanhada no palco por Tim Bernardes e Rubel, dois gigantes da nova geração da música brasileira. Mais um movimento importante para a renovação de seus fãs.

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Juntos, eles interpretaram minhas músicas favoritas, “Baby” e “Tigresa”, duas composições de Caetano. Atenta ao novo, Gal já havia feito parcerias com “seus gatinhos fofinhos”, como ela carinhosamente se referiu aos rapazes no show.

Quase para o fim da apresentação, Gal mostrou que estava ansiosa pelo futuro do Brasil. Fez uma manifestação pró-Lula, e pediu que as pessoas votassem “com sabedoria e inteligência”, “sem ódio” e “com amor”. O público foi ao delírio.

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Saí do Memorial da América Latina contando os dias para vê-la pela próxima vez. Seria em exatos 48 dias, no Primavera Sound, onde ela faria um show mais do que especial, cantaria “Fa-Tal” (“Fa-Tal – Gal a Todo Vapor”), um dos seus discos mais emblemáticos da carreira, lançado em 1971.

Divulgação

E teria sido lindo, mais uma vez. Mas faltando 20 dias para a apresentação, o anúncio do cancelamento veio. Após o procedimento de retirada de nódulo na fossa nasal direita, realizado em setembro, ela precisou de mais tempo para se recuperar.

Hoje, sinto ainda mais por esse cancelamento. Sinto por ela não ter podido sentir o carinho do público mais uma vez, sinto por eu não ter podido vê-la ao vivo novamente, mas sinto mais ainda pelas milhares de pessoas que ali teriam a oportunidade de assisti-la pela primeira vez.

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Hoje, após saber que Gal nos deixou, comigo já não “vai tudo azul”. Mas com ela, espero que vá “tudo em paz”.

“Baby, baby

I love you.”


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