Incentivo ao estudo e pesquisa na PRF em prol do meio ambiente

A taxa de motorização é crescente há décadas no Brasil, seja pelo incentivo à produção e consumo de veículos ou pelo aumento do uso de transporte de cargas nas estradas brasileiras. Hoje, estes caminhões são grandes fontes de emissões de poluentes na atmosfera, por esse motivo, despertam no poder público a necessidade de medidas atenuantes dos impactos ambientais.

E foi justamente pensando na poluição do ar atmosférico que os policiais rodoviários federais Wilton Filgueiras de Paula e Paulo Henrique Demarchi desenvolveram o Arla Teste. Com uma eficácia de 100%, a função do composto é verificar se os veículos a diesel que trafegam nas estradas brasileiras estão usando corretamente o agente redutor de poluentes, o ARLA 32 – substância que transforma parte da fumaça tóxica produzida pela queima de diesel em vapor d’água. Das estradas brasileiras, o Arla Teste ganhou o mundo. O trabalho de Paulo Demarchi e Wilton Filgueiras foi apresentado no Seminário Internacional de Engenharia Automotiva e a fórmula foi aberta, podendo ser usada em todo o planeta, beneficiando, acima de tudo, o meio ambiente.

O desenvolvimento dessa tecnologia permitiu diminuir a concentração de gás carbônico na atmosfera decorrente da queima de combustíveis fósseis. A solução encontrada pelos dois instrutores de Fiscalização Ambiental da Polícia Rodoviária Federal é prática, ecológica e inibe a falsificação. Com quase 20 anos de experiência na PRF, Wilton Filgueiras, químico, biólogo e especialista em Engenharia Ambiental e Riscos Químicos, pediu aos superiores autorização para desenvolver o ARLA Teste em um laboratório de Belo Horizonte (MG). 

Enquanto isso, o colega de São Paulo, Paulo Demarchi, buscava outros laboratórios para fazer os ensaios. O impulso maior ao projeto da dupla ocorreu com a aceitação da Petrobras em testar o produto no reconhecido laboratório, Falcão Bauer. Depois disso, outras empresas fizeram o mesmo, como Comex e Shell, e emitiram laudos, todos favoráveis ao novo produto.

Filgueiras e Demarchi fazem parte do Grupo de Enfrentamento aos Crimes Ambientais – Gecram. Após regulamentar e oficializar a utilização do produto, com a resolução 666/2017 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), bastaram 90 dias para que ele começasse a ser aplicado. Com isso, a PRF tornou-se uma referência em fiscalização de emissões veiculares. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), uma das empresas que adotou o Arla Teste em fiscalizações, registrou, só no último ano, 13% dos veículos com adulteração do Arla 32. Wilton Filgueiras ressalta que a PRF confiou na ideia, conhecendo a carência do mercado, e colheu benefícios nos setores da saúde, social e ambiental. Vale destacar que causar poluição é crime conforme artigo 54 da Lei dos Crimes Ambientais.

Entre um curso e outro e o trabalho na PRF, ele contou que a ideia da pesquisa partiu porque os policiais encontravam, cada vez mais, vários caminhões com o Arla 32 adulterado. Antes, explica o policial, a fiscalização era demorada e cara. Se houvesse suspeitas que o veículo estava com produto adulterado, era necessário recolher amostra, mandar para um laboratório, pagar R$ 850,00 e esperar 12 dias pelo resultado. Enquanto isso, o caminhão continuava rodando pelo país e espalhando mais poluição. Hoje, tempo e recursos foram otimizados: são apenas cinco segundos para saber se o Arla 32 é falso ou não.

O principal meio de movimentação de cargas no Brasil é o rodoviário, representando cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e mais de 60% do transporte de mercadorias no país. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estima que sejam mais de 2.209.440 caminhões circulando. Em 2019, dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) constataram que o Brasil emitiu 2,2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE). O setor de energia, no qual se incluem os transportes por conta dos combustíveis, tem 19% de responsabilidade nessas emissões. Várias medidas foram tomadas para minimizar o impacto, entre elas o uso do etanol no transporte coletivo de passageiros, substituindo combustíveis fósseis. Outra boa solução inovadora e sustentável foi o Arla 32, pois o líquido é injetado no catalisador do veículo, onde ocorre uma reação química.

Paulo Demarchi conta que o ARLA Teste não é o primeiro produto desenvolvido pela PRF na área ambiental, mas é um dos mais importantes. O grupo dele na Polícia Rodoviária Federal já desenvolveu manuais operacionais em fiscalização rodoviária, fiscalização de minérios, produtos florestais, fauna e pesca, sempre preocupados com o meio ambiente. Wilton explica que já foram criadas várias tecnologias, como o processo de fiscalização do Arla, e que o grupo auxilia no desenvolvimento de equipamentos de fiscalização junto a muitas empresas de eletrônicos. Atualmente, os dois ambientalistas estão debruçados em um novo teste colorimétrico para inovar na fiscalização ambiental da PRF. Como o projeto ainda está em sigilo, Demarchi não pode dar detalhes, mas adianta que será tão inovador quanto o Arla Teste.

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Fonte: Policia Rodoviária Federal

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