O PT sonha em implantar o socialismo no Brasil, admite Dilma

A ex-presidente Dilma Rousseff admitiu, em entrevista concedida ao jornalista Breno Altman, do portal Opera Mundi, que o objetivo do Partido dos Trabalhadores (PT) é implantar o socialismo no Brasil. A declaração foi proferida na quarta-feira 8.

“Sempre sonhamos com isso”, afirmou a petista, ao ser perguntada se a esquerda não deveria ter como perspectiva a superação do capitalismo. “Talvez, essa seja a nossa utopia. Uma outra sociedade. Sem a menor dúvida, não queremos as sociedades socialistas históricas, que surgiram depois de 1917 [ano em que houve a Revolução Russa].”

Para Dilma, o exemplo de país a ser observado é a China. “Precisamos ver se, de fato, os chineses conseguirão um processo de transformação que acompanhe os aspectos sociais, econômicos, culturais e democráticos”, observou. “Acompanho muito a experiência chinesa. Eles têm feito algumas inovações, principalmente na promoção do socialismo de mercado.”

A petista ressaltou, no entanto, que ainda não houve nenhuma experiência bem-sucedida de países socialistas. “Esse é um grande desafio”, considerou. “Não houve uma experiência histórica que permita isso. Mas é um sonho da humanidade — há muito tempo.”

Dilma disse também que o socialismo deveria ser construído por meio do desenvolvimento sustentável. “A sociedade tem de contemplar a questão da natureza” afirmou. “E também a capacidade de termos uma relação com a natureza que não seja igual à atual, que eleva a temperatura, emite gases de efeito estufa e cria pandemias e doenças.”

E continuou. “Talvez, estejamos em um momento histórico especial, em que se amadureceram mais ainda as condições para que pensemos a respeito de uma outra sociedade — socialista, democrática e que respeite o meio ambiente.”

Modelo chinês

O massacre contra os uigures, povo muçulmano estabelecido na região autônoma de Xinjiang, localizada no noroeste da China, é um dos elementos que compõem o socialismo chinês. Há dez anos, a minoria islâmica é alvo sistemático do terror praticado pelo Partido Comunista. Liderada pelo presidente Xi Jinping, a ditadura chinesa enviou milhões de uigures para campos de concentração. A justificativa: suposto combate ao terrorismo.

Em entrevista à CNN, um ex-detetive chinês disse ter testemunhado diversas vezes o uso de métodos de tortura nesses locais, como eletrocussões e afogamentos. O ex-oficial, identificado apenas como “Jiang” por temer retaliações de Pequim, revelou que os responsáveis pelas prisões têm de cumprir cotas de números de uigures a serem detidos. “Se quiséssemos que as pessoas confessassem algum crime, usávamos um bastão elétrico com duas pontas afiadas no topo”, explicou. “Amarrávamos dois fios elétricos nas pontas e os fixávamos nos órgãos genitais dos detentos.”

A brutalidade nos campos de concentração provocou desespero na população de Xinjiang, que não consegue procurar abrigo em outros países porque a ditadura chinesa usa recursos tecnológicos para vigiá-la. Em parceria com a Huawei, uma das maiores empresas da Ásia, o Partido Comunista elaborou um sistema de monitoramento que envolve a gravação de voz, o rastreamento, a reeducação ideológica e o reconhecimento facial de seus alvos. Nos últimos dez anos, aqueles que violaram a legislação e tentaram cruzar a fronteira para o Vietnã, o Cazaquistão, o Tajiquistão e o Camboja foram deportados para a China. O paradeiro desses cidadãos é desconhecido.

De acordo com a For The Martyrs, organização sem fins lucrativos que atua em defesa das liberdades religiosas, aproximadamente 2 milhões de uigures estão presos em campos de concentração. Isso representa 10% da população de minoria muçulmana.

Leia mais: “O jogo do gigante”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 58 da Revista Oeste

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Fonte: Revista Oeste


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