Áudio: professor acusa Bolsonaro de ‘nazista’ e diz que aluno pode ser preso por chamar Lula de ladrão

Os alunos da Escola Básica São Tarcísio, em São Bonifácio, Santa Catarina, divulgaram o áudio do professor de história em proselitismo político durante a aula. Jadir Ribeiro Anchieta acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “nazista e ladrão” e, ao mesmo tempo, afirma que aqueles que chamarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ladrão” podem ser condenados por difamação.

O constrangimento dos alunos aconteceu no dia 1º de março, um mês depois do início das aulas, quando um adolescente disse em sala de aula sentir saudades de Bolsonaro.

Jadir imediatamente repreendeu o aluno, afirmando: “A gente não pode ter saudade de um cara que promove torturador e tortura”, afirmou o professor.

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Outra aluna rebateu o docente: “E o Lula que é ladrão, professor?”

A resposta veio em tom de ameaça: “Você não pode dizer que o Lula é ladrão porque isso dá cadeia para você, isso é difamação, é calúnia”, afirmou Jadir sem perceber que tinha feito o mesmo com Bolsonaro segundos antes.

O proselitismo continuou. Jadir afirmou aos alunos que Lula foi condenado em uma “armação do Judiciário”. Ele ainda disse que o senador Sérgio Moro (União Brasil-SC) e o ex-presidente Bolsonaro serão presos.

Os alunos foram desafiados a buscar provas contra Lula sob o pretexto de ser um “trabalho de aula de história recente”.

Com a turma cada vez mais agitada, no auge do confronto ideológico, o professor ainda associa Bolsonaro e personalidades políticas da direita internacional, como o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Ku Klux Klan, movimento norte-americano que defende a supremacia branca e o nacionalismo branco.

Parlamentar pede afastamento de Jadir

Os pais dos alunos fizeram um abaixo-assinado pedindo o afastamento de Jadir. O docente já responde criminalmente por violência doméstica, segundo divulgou a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC).

A parlamentar catarinense publicou em suas redes sociais o áudio gravado pelos alunos e afirmou estar tomando providências junto à Secretaria de Educação do Estado contra o professor.

“Os estudantes conheceram de perto o ímpeto vermelho de um professor deseducador”, escreveu. “Esse senhor não possui a menor condição de seguir à frente de uma sala de aula, seu comportamento envergonha os verdadeiros educadores em nosso país.”

Uma publicação partilhada por Júlia Zanatta (@juliazanattasc)

A doutrinação na escola

A doutrinação ideológica do professor de história da São Tarcísio não parece ser um caso isolado na escola.

Em 2021, a instituição de ensino elogiou e publicou uma arte elaborada por um de seus professores em conjunto com a turma, conforme reportagem da Rádio Cidade de Santa Catarina.

No trabalho, aparece a bandeira do Brasil e uma foto de Bolsonaro,  então presidente da República, com os olhos vendados, chifres e um tridente desenhados, em alusão à imagem do diabo.

Uma cidade conservadora

São Bonifácio é um pequeno município com pouco mais de 3 mil habitantes, localizado a 85 km da capital, Florianópolis.

No segundo turno das eleições presenciais de 2022, o conservador Bolsonaro foi o candidato mais votado na cidade. O ex-presidente recebeu 1.906 votos, o equivalente a 81,38% do total das urnas apuradas. Enquanto Lula teve 436 votos, representando 18,62% do eleitorado bonifaciano.

Para o cargo de governador do Estado de Santa Catarina, os moradores de São Bonifácio também escolheram um conservador. Jorginho Mello (PL) recebeu 1.903 votos, representando um total de 83,14% do eleitorado da pequena cidade.

O adversário do atual governador catarinense, o petista Décio Lima, ficou com 386 votos, 16,86% dos eleitores.  

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Fonte: Revista Oeste


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