Arqueólogos dizem quem deu o primeiro beijo da História 

Um casal de cientistas dinamarqueses sugere que o primeiro beijo da História ocorreu ao menos mil anos antes do que até então se acreditava. Os pesquisadores Troels Pank Arbøll e Sophie Lund Rasmussen publicaram recentemente um artigo na revista Science no qual disseram que pelo menos no fim do terceiro milênio antes de Cristo a prática do beijo era difundida e bem estabelecida no Oriente Médio e não tem, portanto, um ponto fixo para seu surgimento.

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“O beijo não foi um costume que surgiu abruptamente em um único ponto de origem”, disse Arbøll em entrevista ao The New York Times. “Pelo contrário, parece ter sido comum em uma variedade de culturas.”

Arbøll é professor de Assiriologia, o estudo de línguas mesopotâmicas e as fontes escritas nelas, na Universidade de Copenhage, e Sophie é ecologista na Unidade de Pesquisa em Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford e na Universidade de Aalborg, na Dinamarca.

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A pesquisa do casal envolveu o estudo de textos cuneiformes em tabletes de argila da Mesopotâmia (atual Iraque e Síria) e Egito em busca de exemplos claros de beijos íntimos, nos quais está claro, segundo os pesquisadores, que o beijo é prática comum entre os sumérios no período de 3000 mil anos antes de Cristo.

Até então, a hipótese mais aceita entre os arqueólogos e geneticistas remontava a meados da Idade do Bronze, entre 3300 a.C. a 1200 a.C. Essa tese proveio de um estudo genético de 2022 que relacionou variantes modernas de herpes a beijos àquela época.

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Esse estudo genético, que continha uma breve história do beijo, identificava o Sul da Ásia como o local de origem e rastreava o primeiro beijo literário para 1500 a.C., quando manuscritos em sânscrito védico estavam sendo transcritos de histórias orais.

Beijo mais antigo foi registrado em 2,4 mil anos antes de Cristo, dizem pesquisadores

No artigo, Arbøll e Sophie propuseram que o relato mais antigo de beijo foi gravado no Cilindro de Barton, um tablete de argila que data de cerca de 2,4 mil a.C. O objeto foi desenterrado na antiga cidade suméria de Nipur em 1899 e nomeado em homenagem a George Barton, professor que traduziu o tablete em 1919. Hoje, encontra-se no Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia (EUA).

Gonzalo Rubio, assiriólogo da Penn State University, que não tem relação com a pesquisa dos dinamarqueses, elogiou o casal por efetivamente reescrever a história do beijo. “Eles visavam a esclarecer o registro e vieram corrigir uma abordagem tão reducionista do comportamento humano”, afirmou.

Arbøll compartilhou a reportagem do jornal The New York Times em seu perfil no Twitter/X.

In anticipation of Valentine’s Day tomorrow, the New York Times brings a story today about the world’s oldest (attested) kiss, as well as a sort of portrait of the two authors, @Dr_Pindsvin and myself! https://t.co/oKTFM1alPP

Embora a existência de registros de beijos mesopotâmicos possa ser surpreendente para a filematologia, ciência que estuda o beijo, isso é notícia antiga para pesquisadores da Mesopotâmia, que já conheciam as tabletes de argila, mas ninguém nunca se interessou em publicar um artigo sobre o tema.

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Arbøll disse que nos trechos mais antigos, o beijo foi descrito em relação a atos eróticos, com os lábios como o foco. Em acadiano, língua semítica relacionada ao hebraico e ao árabe de hoje, ele e Sophie encontraram referências a beijos que se enquadram em duas categorias: a “amigável-parental” e a “romântico-sexual”.

A primeira é uma demonstração de afeto familiar, respeito ou submissão, como quando um súdito real beija os pés do governante. “O beijo romântico-sexual ocorre em relação a um ato sexual ou em relação ao amor”, disse Arbøll, acrescentando que essa modalidade não é culturalmente universal.

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Fonte: Revista Oeste


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