O drama da adolescente de 15 anos detida no 8/1

Crises de ansiedade recorrentes e dificuldades para socializar se tornaram parte da vida de uma adolescente que foi detida com a mãe no Palácio do Planalto, no 8 de janeiro.

Depois de um ano do protesto, a menina, que tem TDAH (transtorno caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade) desde a infância, é agora atormentada por “medidas socioeducativas”, as quais consistem em prestação de serviços comunitários e um tratamento psicológico para “abandonar pensamentos extremistas”, além de sessões semanais com uma assistente social que critica o ex-presidente Jair Bolsonaro e “pessoas de direita” e exalta vacinas anticovid-19.

Essas exigências da Justiça começaram a ser cumpridas em fevereiro deste ano e podem durar até dezembro. “A garota quer virar logo essa página”, contou a advogada Carolina Siebra, que cuida do caso.”

A prisão da adolescente no 8 de janeiro

Levada a Brasília pela mãe para acompanhar uma manifestação dita pacífica, a jovem então com 15 anos ficou alguns dias no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Ali, alimentava-se, tomava banho e fazia orações com os demais participantes.

No dia do protesto, as duas seguiram a procissão de gente rumo à Praça dos Três Poderes e passaram por uma revista. Minutos depois de cruzarem a barreira policial, se depararam com um cenário de guerra. Para fugir das bombas de efeito moral, se refugiaram no Planalto. Ali, a mãe precisou amparar a filha, em virtude do estado de pânico e de ânsias de vômito desencadeadas na menina pela fumaça.

Com a chegada dos agentes e o fim do ato, mãe e filha foram separadas. Algemada, a menina acabou indo para uma delegacia na capital federal, onde passou por exame de corpo de delito e ficou em uma cela fria, sem dormir, pois ouvira de uma carcereira que não era raro pessoas morrerem “enforcadas” ali. No dia seguinte, após uma audiência de custódia na qual o juiz fez perguntas sobre golpe de Estado e democracia, voltou para Minas Gerais com um parente que chegou para buscá-la. De acordo com a advogada, a jovem não teve direito sequer a um defensor público.

O familiar que a buscou na delegacia lembrou que a menina estava em choque, pálida e com os olhos arregalados, sobretudo porque ela não sabia o que havia acontecido com a mãe, já detida na Colmeia. Daquele dia em diante, levaram dois meses para ela voltar à rotina.

Conforme relatos de familiares, o quadro psicológico da jovem já não era bom desde a escola, em razão de bullying e perseguição, por ser de direita, e, agora, piorou. Conhecida por sua personalidade mansa, a garota fica agitada sempre que pensa em seu futuro, visto que pretende cursar faculdade e trabalhar.

Desde que retornou para casa, a jovem vive com a mãe, a irmã e o pai, aposentado, que voltou a trabalhar para pagar contas acumuladas e advogados.

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Fonte: Revista Oeste


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