Moraes decretou prisões do 8 de janeiro de Paris

No momento em que manifestantes invadiram os prédios da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estava na França com a família. A informação foi divulgada, nesta segunda-feira, 28, pelo podcast Alexandre— feito pela Trovão Mídia em parceria com a revista Piauí.

O ministro estava de férias há cerca de dois dias e havia acabado de se sentar em bistrô, em Paris. Só deu tempo de escolher a mesa, pedir o vinho e o telefone tocou. No Brasil, poucas pessoas sabiam que ele estava de férias. Conforme o podcast, nem mesmo interlocutores próximos a Moraes tinham essa informação.

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Depois de ser comunicado sobre as invasões, Alexandre de Moraes saiu do restaurante e retornou ao hotel em que estava hospedado. Ele começou a disparar telefonemas e ficou em linha direta com a presidente do STF, ministra Rosa Weber. “Ele agia como se estivesse no Brasil”, relatou o podcast.

Era meia-noite no Brasil — e madrugada na França — quando Moraes iniciou as primeiras decisões. Ele obrigou os manifestantes, que estavam em frente ao quartel-general de Brasília, a saírem do local; autorizou prisões em flagrante e mandou prender o então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, assim que ele retornasse de Orlando, na Flórida.

De acordo com o podcast, o ministro ainda cogitou pedir a prisão do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Contudo, foi aconselhado pela Advogacia-Geral da União e pelo governo federal a não fazer isso. Desse modo, Alexandre de Moraes determinou apenas o afastamento de Ibaneis por 90 dias.

Na manhã de 9 de janeiro, cerca de 50 ônibus foram usados pela PM-DF para desmobilizar o acampamento em frente ao quartel. De acordo com o Exército, 1,4 mil pessoas foram retiradas do local e as barracas foram desarmadas. Desse total, 1,2 mil pessoas foram conduzidas para o ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal (PF).

Na época, a reportagem de Oeste esteve em frente ao local, conversou com advogados e colheu depoimentos de familiares dos detidos. Conforme as gravações divulgadas pelos próprios presos, crianças, idosos e pessoas com comorbidades também estavam no ginásio.

Os manifestantes passavam por audiências de custódia no local, assinavam uma nota de culpa e eram encaminhados para os presídios da Papuda e da Colmeia. Cerca de 900 pessoas foram presas preventivamente.

O restante ficou em liberdade provisória, alguns com tornozeleira eletrônica. As crianças foram liberadas mediante a apresentação de um terceiro responsável.

Enquanto isso, o ministro cruzava o Atlântico. Na madrugada de domingo para segunda-feira, Alexandre de Moraes comprou uma passagem de avião de última hora. Um voo de Paris para Brasília dura em média 13 horas e 22 minutos.

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Fonte: Revista Oeste


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