Esquerda cobra governo Lula após demissão da presidente da Caixa

A demissão da economista Rita Serrano do cargo de presidente da Caixa Econômica, na última quarta-feira (25), não teve boa reação entre parlamentares de esquerda, que reclamaram da decisão do governo. Serrano, que foi substituída por Carlos Vieira Fernandes, indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se junta a outras duas mulheres que, assim como ela, foram trocadas por nomes do Centrão.

Antes da saída da ex-presidente da Caixa, Lula já havia dispensado as ministras Daniela Carneiro, do Ministério do Turismo; e Ana Moser, do Ministério do Esporte, para dar espaço a dois parlamentares do Centrão: Celso Sabino (União Brasil-PA), no Turismo; e André Fufuca (PP-MA), no Esporte. O governo justifica as trocas dizendo que precisa de mais apoio no Congresso.

A própria esquerda, no entanto, tem questionado a postura do governo Lula de diminuir o espaço de mulheres em postos importantes dentro da administração federal. A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) disse, por exemplo, que a demissão da presidente da Caixa era “lamentável”.

– Vai na contramão da política que queremos, fortalece o fisiologismo e enfraquece a paridade de gênero na política e no alto escalão, pauta pela qual lutamos há tanto tempo – disse.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), por sua vez, disse esperar que o governo possa recompor os cargos perdidos por mulheres no alto escalão.

– No Parlamento, entre as mulheres da base do governo, a posição é cotidiana para a ocupação de mais mulheres em posições de proa no governo. Há ainda muita pressão para o silenciamento das mulheres na política – disse.

Até integrantes do próprio PT, como a deputada federal Camila Jara (PT-MS), sustentam que as representantes da bancada feminina não podem deixar as demissões das três mulheres passarem despercebidas. Camila disse que deve se reunir com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) para apresentar uma reivindicação sobre a situação.

– Essas demissões demonstram que nós enquanto parlamentares devemos estar atentas e entender que as ideologias políticas devem ficar de lado quando o assunto é direito das mulheres. Elegemos nas urnas direito das mulheres, devemos cobrá-los – completou.

Na última sexta (27), em um café da manhã com jornalistas, Lula disse lamentar “profundamente” a perda de espaço de mulheres no governo, mas alegou que, nos casos recentes, os partidos que escolheram os nomes não tinham mulheres para indicar.