Corregedor do CNJ fez ‘papel de xerife’ ao afastar Gabriela Hardt, avalia desembargador aposentado

O jurista, professor, escritor e ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) Wálter Maierovitch afirmou que o corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, “quebrou a cara” ao decidir monocraticamente pelo afastamento da juíza de suas funções na magistratura na última segunda-feira 15.

Wálter Maierovitch disse que Salomão “não quis esperar para propor o afastamento da juíza aos seus pares do conselho”, mas sim, “jogar com o fato consumado”. As declarações foram dadas nesta quinta-feira, 18, em sua coluna no jornal digital Uol. 

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“Pelo que parece, ele teve a chamada síndrome de ‘xerife’ combinada com a amnésia de esquecer a jurisprudência do STF”, afirmou Maierovitch ao comentar a decisão monocrática do ministro Salomão. 

“Quebrou a cara, como se diz no popular, quando foi informado que a jurisprudência do STF orientava não ser constitucional afastar um magistrado por decisão monocrática. Salomão, repita-se, deveria ter proposto a medida aos demais conselheiros”, declarou o jurista.

Lição de Barroso

Wálter Maierovitch disse que Salomão, o qual teve o nome apoiado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes para a vaga aberta pela aposentadoria do ex-ministro Ricardo Lewandowski, mudou “sua postura técnico-jurídica”.

“Salomão adotou o estilo inquisitorial do seu amigo Moraes e o ineditismo muitas vezes praticado por Mendes. Diante disso, Salomão acabou recebendo lições elementares de direito por parte do ministro Luís Roberto Barroso, um jurista de respeito”, afirmou.

O jurista citou o fato de Barroso ter destacado que a juíza Gabriela Hardt ter tido uma carreira “funcionalmente irrepreensível” dentro da magistratura e que se o Conselho Nacional de Justiça chancelasse a decisão de Salomão, seria de uma “injustiça, se não uma perversidade.”

“Salomão empolgou-se com a estrela de xerife e esqueceu-se da jurisprudência do STF. Diante disso, pode ter enterrado as suas pretensões de chegar ao STF. E até a dupla Moraes e Mendes, depois do episódio chamado de ‘perversidade’, deverão recuar do apoio”, afirmou Wálter Maierovitch.

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Fonte: Revista Oeste


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