Rosas de Ouro tem enredo sobre negros e rainha de bateria branca
Enredo sobre negros, rainha de bateria branca: é assim que a Sociedade Rosas de Ouro, uma das principais escolas de samba de São Paulo, desfilou no Sambódromo do Anhembi. A apresentação, que denunciou a brutalidade da escravidão no Brasil, ocorreu na madrugada de sábado 18.
Em um dos carros alegóricos, o jornalista Manoel Soares, da TV Globo, encarnou Zumbi dos Palmares. Ana Beatriz Godói, rainha de bateria da Rosas de Ouro, fantasiou-se de Dandara Palmares — mulher de Zumbi. Mas não para aí. Angelina Basílio, presidente da Rosas de Ouro, interpretou a Rainha do Congo. Ela desfilou com tranças tipicamente africanas no cabelo.
A rainha de bateria é o principal destaque das escolas de samba. Ela fica à frente do grupo de ritmistas que dá o tom do desfile, incluindo homens e mulheres. Ao ser interpelada sobre sua importância para a Rosas de Ouro, Ana Betriz respondeu: “Venho de Guerreira Dandara. Ela preferiu morrer a ser escravizada. Esse é o espírito da mulher brasileira, de luta”.
Confira a diferença entre Dandara Palmares e Ana Beatriz.
O figurino de Ana Beatriz, confeccionado pelo estilista Bruno Oliveira, custa aproximadamente R$ 100 mil. Isso equivale, por exemplo, a mais de 70 vezes o salário mínimo brasileiro em 2023 (R$ 1,3 mil). A fantasia tem como decoração cerca de 50 mil cristais Swarovski, vendidos sobretudo por marcas luxuosas.
Por fim, o último carro alegórico da Rosas de Ouro homenageou personalidades como Pelé, Gilberto Gil, Glória Maria e Emicida. O enredo “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”, é inspirado no termo bantu “kindala”, que significa “agora”.
Fonte: Revista Oeste