“Me tiraram de dentro da UTI”, diz médica presa por PMs em hospital

Policiais militares prenderam uma médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ipiranga, na zona sul de São Paulo, na noite desse domingo (1°/10). Ela teria sido acusada de desacato após recusar fornecer informações aos policiais sobre o estado de saúde de um colega, que está internado na unidade.

Testemunhas relataram à TV Globo que uma equipe da PM foi até a unidade para saber sobre o estado de saúde do policial aposentado que deu entrada na UTI, e pediu o boletim médico. Porém, a médica teria se negado a fornecer as informações por estar fora do horário de visitas e porque o procedimento do hospital determina que o boletim só pode ser passado para familiares.

Com isso, os policiais deram voz de prisão à profissional dentro da UTI e a levaram para o 17º DP.

“Fui algemada e me colocaram no camburão. Me tiraram de dentro da UTI e os pacientes ficaram sozinhos”, afirmou a profissional em entrevista à emissora, enquanto estava no 17º DP.

A UTI do hospital teria ficado cerca de 3 horas sem atendimento até a liberação da médica, disseram as testemunhas.

Na versão dada pelos policiais no boletim de ocorrência, publicada pela reportagem, a acusação de desacato se deu porque a médica teria arremessado um documento no rosto de um tenente da PM.

O Hospital Ipiranga lamenta o ocorrido e informa que dará total apoio à profissional médica envolvida no caso. A instituição explica que, de acordo com a Legislação, o boletim médico só pode ser passado a familiares, responsáveis legais ou por determinação judicial.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afirmou que “embora o caso em questão seja de extrema sensibilidade, cabe ressaltar que os médicos devem prezar pelos seus deveres éticos, de sigilo e confidencialidade, conforme determina o artigo 75 do Código de Ética Médica.

O órgão informou que acolherá a médica, “que usou de suas prerrogativas éticas na ocasião, não podendo ser coagida a quebrar o decoro da profissão”.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que vai investigar a conduta dos policiais: “A Secretaria da Segurança Pública repudia veementemente o ocorrido no Hospital Ipiranga e ressalta que já iniciou a rigorosa apuração de todas as denúncias relacionadas à conduta dos policiais militares envolvidos na ação. Os fatos narrados não são compatíveis com o treinamento e os valores da instituição”.

 

Secretaria da Saúde do estado também não respondeu o contato da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações e esclarecimentos.

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Fonte: TBN


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