Dialeto não binário é alvo de fortes críticas e visto como imposição arbitrária

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) pautou a análise da lei estadual que visa proibir o uso da linguagem neutra nas escolas.

A matéria em questão é uma lei de Rondônia de 2021, que proibiu a linguagem neutra na grade curricular e material didático de instituições de ensino locais, sendo elas públicas ou privadas, além de vedar a mudança pronominal em editais e concursos públicos.

O pastor presidente da Igreja Batista Atitude, escritor e colunista da casa, Josué Valandro Jr, falou ao Pleno.News sobre a proposta de implementação do pronome neutro a fim de satisfazer parte da sociedade que enxerga na alteração da língua o reconhecimento da pluralidade de gêneros.

O pastor ressaltou a estratégia ideológica que está inserida nesta demanda e lembrou que a língua portuguesa já contempla a todos em suas composições pronominais.

– A linguagem neutra é mais uma invenção daqueles que, no desejo de colocarem suas pautas ideológicas como preponderantes, querem, de todas as formas, levar a cultura heteronormativa ao ridículo. Quando alguém fala “todos foram convidados”, estão convidados os héteros, os homos, os brancos, os índios, todo mundo. Isso é a língua! – disse Valandro.

O líder religioso alertou, também, que a concepção do outro e o devido respeito ao próximo não perpassam pelo pronome como os indivíduos são tratados e vão muito além da mera abordagem linguística.

– Se as pessoas dependem de um pronome neutro para respeitar o próximo, me perdoem, essas pessoas realmente ainda não entenderam o valor do próximo. A Bíblia diz “ame ao Senhor teu Deus de todo o coração” e “ame ao teu próximo como a ti mesmo”. Nós não estamos tratando aqui de pronomes, estamos tratando aqui de humanidade e de espiritualidade.

Josué Valandro Jr enfatizou que a medida pode, inclusive, segregar ainda mais as pessoas, já que se trata de motivação ideológica e nem todos comungam da mesma perspectiva de mundo ideal.

– Colocar uma linguagem neutra não faz ninguém respeitar mais outra pessoa, ao contrário. Gera tristeza naqueles que respeitam a todos, mas veem a língua, veem os princípios, veem a educação sendo deteriorada simplesmente por uma motivação ideológica – finalizou.

A especialista em comunicação, educadora e palestrante, Cíntia Chagas, também falou ao Pleno.News sobre o assunto. Na visão dela, trata-se de uma medida de caráter excludente, embora venha acompanhada de uma retórica pluralista e de aceitabilidade identitária. Segundo Cíntia, a proposta privilegia um grupo minoritário em detrimento de outros.

– Ainda que as pessoas achem que o dialeto não binário é um meio de incluir as pessoas, na realidade, com uma análise mais apurada, mais profunda, qualquer um é capaz de perceber que se trata de uma medida muito excludente. Ela exclui grupos que, de fato, têm dificuldades severas com a comunicação, que é o caso do surdo, porque o surdo que faz a compreensão da linguagem por meio da leitura labial passa a ter mais dificuldades, é óbvio. Ele vai ter de se adaptar. O surdo que já se adapta ao mundo, terá de se adaptar mais. O cego que faz a leitura por meio de softwares, teria de contar com uma atualização de softwares, ou seja, o cego, que já tem uma vida adaptada, terá de se adaptar. Os disléxicos que tem severas dificuldades na compreensão de textos também teriam mais dificuldades ainda. Fora as pessoas com dificuldades mentais, de um modo geral.

A educadora evidencia que a disseminação da ideia é capitaneada por “uma elite progressista” através da internet, principalmente.

– Ele [dialeto não binário] exclui pessoas que não têm acesso à internet porque a gente sabe que quem, de fato, está propagando o dialeto não binário é uma elite progressista, que tem acesso à internet e por meio da internet propaga.

Cíntia entende que as pessoas devem ser integradas à sociedade, mas não enxerga na imposição da mudança linguística o êxito para a inserção social das minorias.

– Um país com o nível desastroso educacional que a gente tem não poderia se debruçar sobre esse assunto, não agora. Aliás, na minha opinião, nunca! Eu entendo que é necessário que a sociedade inclua o não binário, mas não vai ser por meio de uma tentativa de modificação completamente arbitrária e antinatural.

A especialista em comunicação desconstrói o argumento de dinamicidade da língua, destaca que há arbitrariedade em todo esse processo, por parte da elite de esquerda, e lembra que deste modo não há legitimidade para a concepção do fenômeno como um processo natural de evolução linguístico.

– Ainda que digam, também, que a língua é viva e que as pessoas precisam se adaptar à língua, no caso do dialeto não binário, isso é uma inverdade, é uma mentira porque as mudanças que ocorreram nos nossos idiomas, ocorreram de modo natural. E o dialeto não binário nada mais é do que uma imposição arbitrária de um grupo completamente elitizado. A verdade é essa! – concluiu.

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Fonte: Pleno.News


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