José Mauro Coelho pede demissão da presidência da Petrobras

José Mauro Ferreira Coelho não é mais presidente da Petrobras. Em meio à crise sobre a política de preços de combustíveis e com a pressão de setores políticos, o executivo resolveu deixar a empresa estatal.

A Petrobras informou sobre a saída de Ferreira Coelho por meio de um comunicado breve na manhã desta segunda-feira, 20. O executivo também decidiu renunciar ao seu cargo no Conselho de Administração da empresa.

“A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora”, disse a companhia, em comunicado. “Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.”

O pedido de demissão de José Mauro Ferreira Coelho acontece em momento de crise na condução da política de combustíveis no país, marcada pelo aumento nos preços de gasolina e diesel na última semana.

Na última sexta-feira, a Petrobras anunciou o reajuste do litro da gasolina vendido às distribuidoras, que passou de R$ 3,86 para R$ 4,06, em aumento de 5,2%. Por sua vez, o diesel saiu de R$ 4,91 para R$ 5,61, com salto de 14,2%. Os novos valores começaram a valer a partir do último sábado.

É o primeiro aumento da gasolina em três meses. O último reajuste havia sido feito em 11 de março. Já o preço do diesel foi modificado em 10 de maio.

O reajuste foi aprovado na quinta-feira pelo Conselho de Administração da Petrobras. A estatal tem praticado no mercado interno preço abaixo do vendido no exterior, em momento de turbulência internacional, em razão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. A defasagem do diesel é de 18%, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). O preço da gasolina, por sua vez, tem defasagem de 14%.

José Mauro Ferreira Coelho foi o terceiro presidente da Petrobras no governo Bolsonaro, substituindo o general Joaquim Silva e Luna em maio, depois de ter o nome aprovado em comissões internas da empresa.

Pressão política

A saída de Ferreira Coelho acontece depois de um final de semana de intensa pressão política, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) falando abertamente sobre a intenção de apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos deputados, para investigar a cúpula da Petrobras.

“A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o conselho administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque é inconcebível se conceder um reajuste com o valor dos combustíveis lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, disse Bolsonaro.

Atual presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) também se manifestou a respeito da crise no final de semana, inclusive pedindo a renúncia de Ferreira Coelho.

“A grande questão da Petrobras, hoje, é que ficou escancarada sua dupla face: quando quer ganhar tratamento privilegiado do Estado brasileiro, a empresa se apresenta como uma costela estatal. Mas, na hora em que lucra bilhões e bilhões em meio à maior crise da história do último século, ela grita o coro da ‘governança’ e se declara uma capitalista selvagem. Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras”, criticou Lira.

Recentemente, o governo Bolsonaro trocou o comando do Ministério de Minas e Energia, com a missão de fazer andar o processo de desestatização da Petrobras. Ex-integrante do Ministério de Economia, Adolfo Sachsida assumiu a pasta e logo preparou ofícios sobre a privatização da estatal.

Em maio, a Petrobras anunciou lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022, uma alta de mais de 3.700%, frente os R$ 1,16 bilhão de um ano antes.

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Fonte: Revista Oeste


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